São muito comuns as situações que nos colocam em expectativa e ansiedade. Planos de uma viagem, o carro novo; aquele emprego tão desejado, o resultado das provas do vestibular, e assim por diante. E não poderia ser diferente no caso da fertilização in vitro, que é carregado de situações de incerteza, capazes de gerar ansiedade.

Vejamos: administra-se a medicação (injetável) com a esperança de que os folículos ovarianos se desenvolvam, o que pode não ocorrer; se crescerem, não é certo que todos terão óvulos; se houver óvulos, não é certo que todos sejam maduros; mesmo maduros, podem não fertilizar; se fertilizados, pode não ocorrer formação de embrião e, por fim, se transferidos, os embriões podem não implantar no endométrio e gerar a gravidez.

Há uma sequencia de etapas parcialmente dependentes uma das outras, mas não é verdade que se uma etapa aconteceu a próxima também vai acontecer, gerando ansiedade. Afortunadamente, parece não haver redução da eficiência da fertilização in vitro pela ansiedade. Um estudo holandês de 2009 mostrou que os níveis de ansiedade das mulheres que engravidaram e das que não engravidaram foram semelhantes. Assim, nem a ansiedade produzida pelo tratamento, nem a ansiedade que já existia antes do tratamento parecem ter influência na taxa de gravidez.

Dos aproximadamente 1 a 2 milhões de folículos que existiam quando do nascimento, restam apenas cerca de meio milhão na puberdade da mulher. Esses óvulos formam a reserva ovariana da mulher, que se reduz com a idade. Uma forma de se conhecer a quantidade de folículos nos ovários é medir, no sangue, o hormônio anti-mülleriano: quanto maior a sua concentração , maior a quantidade de folículos e, portanto, de óvulos.

Embora não exista uma resposta clara a essa pergunta, as evidências parecem apontar que não ocorre essa influência. Cerca de 3 dias antes do início da menstruação, alguns folículos (uma pequeníssima fração do total) começam a crescer, por influência dos hormônios da mulher. Com o seu crescimento, o consumo do hormônio vai aumentando até que não seja suficiente para todos. Isso faz com que alguns dos folículos começam “morram” e, em geral, apenas um cresce e ovula. O que a estimulação ovariana faz é apenas acrescentar mais hormônio à mulher, com o que os folículos que iriam “morrer” podem ter sua nutrição restabelecida e crescer. Com isso, a chance de encontro de mais óvulos maduros aumenta, o mesmo ocorrendo com a taxa de gravidez. Dessa forma, a estimulação ovariana, salvo novas descobertas que venham em contrário, não tem potencial para antecipar a menopausa.

O homem é uma unidade que inclue o físico, o psíquico e a interação dos dois. Situações de estresse como uma emoção intensa, por exemplo, pode levar uma pessoa a perda dos sentidos.Da mesma forma ocorre o clássico “medo que paralisa”.

A própria necessidade de o casal recorrer à reprodução assistida é geradora de stress, tanto pela frustração gerada quanto pela exposição aos exames invasivos, acrescentando-se a isso os altos custos do procedimento e a incerteza do sucesso.

No homem, o stress é capaz de produzir distúrbios da libido e da ereção. Podem ocorrer ainda redução da motilidade seminal. Em relação à mulher, o estresse associado a sentimentos de negatividade tem potencial para reduzir a taxa de gravidez. Mulheres inférteis, com suporte psicológico adequado, apresentam taxas de gravidez mais alta do que aquelas sem esse suporte.

Ainda aqui, o que parece mais adequado é que, como em toda a atividade humana, é o encontro de um ponto de equilíbrio, particular para cada indivíduo, onde as coisas funcionam bem. No caso do homem, a prática de exercícios por uma hora, três vezes por semana, parece ter efeito benéfico sobre a quantidade e qualidade do espermatozoide. No entanto, homens que participam de esportes competitivos, que buscam vencer obstáculos com muito treinamento e superação, têm qualidade de sêmen menor do que os que praticam exercícios moderadamente. Em nosso meio, é importante saber que ciclistas, que praticam mais do que cinco horas por semana, têm redução da motilidade e morfologia do sêmen.

Nas mulheres obesas, em que o exercício físico está associado a outras medidas com objetivo de perda de peso, o efeito é positivo sobre a fertilidade. Já os exercícios extenuantes (como em mulheres atletas de elite) determinam decréscimo da fertilidade. O exercício também tem potencial para influir nos resultados do tratamento com reprodução assistida: mulheres que praticam exercício todos os dias da semana têm taxas de gravidez menores do que as que praticam atividade mais moderada.

O fumar está associado a doenças do pulmão e das artérias, aumentando a chance de ocorrência de câncer, infarto do coração e acidente vascular cerebral.

O fumo produz, por vários mecanismos, redução da chance de engravidar. No homem, reduz a motilidade dos espermatozoides, e altera o seu DNA, com o que a capacidade de fertilização se reduz. Esses efeitos tem sido atribuídos ao aumento da produção de substâncias nocivas à saúde, denominadas em conjunto de “espécies oxigênio-reativas”. Essas substâncias são produzidas normalmente pelas nossas células e eliminadas. O aumento da produção, determinada pelo fumo, produziria seu acúmulo e as consequentes alterações que reduziriam a fertilidade.

Na mulher, um primeiro efeito ocorreria nos ovários. O fumo parece favorecer uma redução mais rápida do número de folículos ovarianos: a reserva ovariana menor em pacientes fumantes, quando comparada com as não fumantes. O fumo interfere no movimento das tubas, dificultando a captura dos óvulos. Uma falha no transporte pode também determinar uma gravidez tubária.

Homeopatia, em muitas situações pode auxiliar o tratamento em Reprodução Humana. A suposição é a de que o tratamento da Saúde do paciente, como um todo, crie condições mais propícias para a manifestação da fertilidade. Dessa forma, parece não há um medicamento específico para a fertilidade, mas, antes, um medicamento que harmonize a Saúde da pessoa. Por isso, pode acontecer que um medicamento homeopático, prescrito para uma pessoa, não seja adequado para outra. E, também por isso, é absolutamente necessária a consulta com o médico homeopata, que saberá prescrever o que for mais adequado para o paciente.

Existem situações em que o tratamento homeopático não é indicado diretamente como eliminador da causa da infertilidade: obstrução das trompas, malformações no útero, alterações genéticas dos gametas. Mesmo assim, haverá benefício na associação da homeopatia com a alopatia. Se houver necessidade de fertilização in vitro, o tratamento homeopático poderá melhorar tanto a resposta ovariana aos hormônios quanto a receptividade uterina para a implantação.

A avaliação do excesso ou da falta de peso é feita por meio do índice de massa corporal (IMC), que é uma relação entre o peso (P) e o quadrado da altura (H). Por exemplo, para uma pessoa com um 1,80m de altura e pesando 82 quilos, o IMC será de 82/(1,80)2 = 25,3. O IMC considerado normal se estiver aproximadamente entre 18 e 25.

Homens obesos têm tendência a redução do volume, concentração e motilidade dos espermatozoides, muito embora não altere a morfologia. Isto é atribuído ao fato de que, no homem obeso, o acúmulo de tecido gorduroso faz com que aumente a fabricação do hormônio chamado estradiol, que é o principal determinante das características sexuais femininas (isso mesmo: aumenta a síntese de hormônio feminino no homem!). Com isso, ocorrem alterações hormonais outras que, em conjunto, produzem redução da quantidade e qualidade de sêmen. Ainda mais: o aumento de peso tem uma relação direta com o aumento da fragmentação do DNA dos cromossomos dos espermatozoides, prejudicando a fertilização dos oócitos (óvulos) e o desenvolvimento dos embriões. O acúmulo de estradiol, ao lado de outras alterações hormonais (principalmente a redução da testosterona, hormônio masculino), também tende a produzir impotência sexual.

A mulher obesa tem maior chance de abortamento do que a mulher não obesa e, além disso, o tempo gasto para obter a gravidez natural tende a ser maior do que o tempo gasto pela mulher não obesa. Quando é necessária a fertilização in vitro, as mulheres obesas exibem menores taxas de gravidez que as normais. Além disso, a taxa de implantação do embrião é menor nas obesas. Tomado em conjunto, a obesidade faz reduzir a taxa de sucesso nos procedimentos de fertilização in vitro.

No homem, o álcool altera o desejo sexual e a ereção. Homens com alcoolismo crônico apresentam redução da concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides. Na mulher, o consumo de álcool está relacionado a maiores taxas de abortamento, baixo peso dos bebês no nascimento e malformações congênitas. Em relação à reprodução assistida, mais especificamente fertilização in vitro, o consumo de 12g de álcool pela mulher (aproximadamente uma taça de vinho de 150 mL ou uma lata de cerveja de 350mL) até um mês antes da tentativa, está relacionado a redução do número de oócitos aspirados e à redução de até 4 vezes na taxa de gravidez.

A cafeína é estimulante presente em muitas bebidas e alimentos, em diferentes quantidades:

  • Café expresso (60 ml): 45 a 100 mg
  • Refrigerantes tipo cola (330 ml): 34 a 38 mg
  • Refrigerantes tipo cola light (330 ml): 36 a 45 mg
  • Energéticos (330 ml): ao redor de 80 mg
  • Chá preto (240 ml): 45 mg
  • Chá verde (240 ml): 20 mg
  • Chá branco (240 ml): 15 mg
  • Iced Tea (330 ml): 26 mg

A ingestão de doses altas (300mg ou mais) e diárias de cafeína está associada a maior chance de abortamento e menor chance de gravidez.

O melhor é utilizar os medicamentos para que se desenvolvam mais folículos. Com isso, obter-se-ão mais óvulos, contribuindo para aumentar a chance de sucesso. No entanto, existem casos em que a medicação não poderá ser utilizada, caso de pacientes que tenham tendência a coagulação do sangue dentro das veias e artérias. Nesses casos, pode ser utilizado o prório ciclo menstrual da paciente para realizar o procedimento. Nesse caso, há dois riscos que podem fazer com que o ciclo seja cancelado: pode não haver óvulo no folículo ou pode não haver fertilização.

Um trabalho com 500 ciclos naturais para ICSI, feito em Roma e publicado em 2009, ilustra as chances de gravidez nesse tipo de ciclo. Apenas 391 ciclos (78,1%) tiveram óvulos; desses, em 285 foram transferidos embriões e apenas em 49 ciclos houve gravidez (17,1% por transferência ou 9,8% por ciclo). Assim, a chance de gravidez é menor que a dos ciclos estimulados.

Mesmo assim, o ciclo natural é, muitas vezes, o caminho mais viável para obtenção de gravidez, com a vantagem de não utilizar medicação, o que reduz custo e os eventuais efeitos colaterais dos remédios.